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Foto do escritorMurilo "Lilus" Silveira

Legend Arceus: A evolução de Pokémon — Análise

Atualizado: 26 de out. de 2023



Ai, ai, o que falar sobre Pokémon, simplesmente a marca mais lucrativa da história do entretenimento espalhada por diversas mídias, desde animes, brinquedos, filmes e até jogos, onde surgiu em 1996 com o lançamento de Pokémon Red e Pokémon Blue para GameBoy, o console portátil da Nintendo na época. A marca já passou por diversos booms de popularidade, primeiramente lá na época de Red e Blue, depois com a chegada do anime, do jogo de cartas Pokémon TCG e mais recentemente em 2016 com Pokémon GO, o jogo de realidade aumentada para celulares que virou febre mundial. Eu, como uma pessoa que cresceu jogando em consoles da Nintendo, sempre fui muito fã dos monstrinhos e de seus jogos, sempre adorei partir naquela jornada saindo da sua cidade natal, pegando seu Pokémon inicial, formando seu time e partindo em busca das 8 insígnias para posteriormente derrotar a Liga e virar o Mestre Pokémon, o melhor treinador daquela região.


Porém, Game Freak, a desenvolvedora de Pokémon, sabendo que todo jogo que lançasse com os monstrinhos lucraria milhões e milhões, nunca se prestou em mudar a fórmula da franquia, entregando nos últimos 25 anos jogos cada vez menos originais e sempre semelhantes com os anteriores. Isso enfurecia os fãs que pediam a tempos para um jogo legitimamente novo, evoluindo a fórmula da saga para algo mais moderno e não algo que vinha sendo repetido desde o GameBoy. E então, no dia 26 de fevereiro de 2021, finalmente foi anunciado o jogo Pokémon Legends: Arceus que prometia levar a aventura para um novo escopo: possuindo agora grandes áreas abertas e uma gigantesca mudança no gameplay da franquia. Os fãs ficaram extremamente felizes com o anúncio e já estavam aguardando ansiosamente para o lançamento, previsto para o dia 28 de janeiro de 2022, o dia em que Pokémon finalmente evoluiria.


Pokémon Legends: Arceus (2022)
 
Conhecendo a novidade

Pokémon Legends: Arceus começa com seu personagem tendo uma conversa com o Deus dos Pokémon, que dá nome ao jogo, o qual te manda para a Terra com o objetivo de “pegar todos”. Você então é encontrado por um Professor Pokémon em uma praia da região de Hisui, que futuramente se tornaria a região de Sinnoh dos jogos Diamond, Pearl e Platinum. O Professor te pede ajuda para capturar alguns monstrinhos que haviam fugido, depois de você concluir essa tarefa, ele te considera promissor e te inclui na Galaxy Expedition Team, uma equipe que tem como objetivo pesquisar e conhecer melhor os Pokémon para descobrir uma forma dos humanos coexistirem saudavelmente com os monstrinhos. E aqui mora uma grandiosa mudança de Legends: Arceus em relação ao resto da saga: aqui você não é mais um Treinador, mas sim um Pesquisador em uma época onde os humanos e Pokémon não se davam bem. Isso altera totalmente a dinâmica e os seus objetivos durante o jogo, te influenciando muito mais a capturar todos os Pokémon, casando perfeitamente com a exploração que falaremos mais para frente.


Logo depois de ser incluído na Galaxy, você conhece alguns dos principais personagens da jornada e é levado para a sua primeira missão, que assim como toda a primeira hora do jogo, funciona como um grande tutorial. O problema é que, por esse game ser totalmente diferente dos seus antecessores, a equipe de desenvolvimento resolveu encher essa primeira hora com textos explicativos em uma linearidade extrema, o que acaba sendo irritante e cansativo. Passei a primeira hora do jogo inteira pensando “Pô, vai logo, eu quero explorar!”. Acredito que uma grande falha dessa parte inicial - que se estende pela campanha inteira - é a falta de dublagem nos personagens. Afinal, acaba deixando os diálogos maçantes e, muitas vezes, incapazes de transmitir o sentimento que desejavam.


Porém, depois de passar pelo gigante tutorial, aí sim o jogo engrena ao te soltar na primeira área aberta (e a minha favorita) do jogo inteiro: Obsidian Fieldlands. Nesse momento você tem a sua primeira experiência com a nova captura de monstrinhos, que agora não é só entrar em batalha, reduzir a vida do Pokémon e lançar a Pokébola. Na verdade, o jogo até deixa você utilizar o método antigo, mas Legends: Arceus permite, pela primeira vez na franquia, se esgueirar por gramas altas, mirar e lançar a Pokébola sem necessariamente ter que entrar em batalha, sendo mais efetivo quando seu personagem não é visto ou acerta as costas do alvo. E claro, tudo sendo mostrado por uma perspectiva de câmera diferente, não mais aquela visão top-down, mas uma câmera em terceira pessoa centralizada.


Além disso, ao entrar em batalha você, logo de cara, percebe a gritante diferença em relação aos games passados, principalmente na fluidez de tudo. Um exemplo disso é a nova interface absurdamente aprimorada, pois não possui mais todas aquelas vinte linhas de texto que passavam em uma lentidão imensa após derrotar um Pokémon, realizar um ataque ou finalizar uma batalha.


 
Tela de batalha de Pokémon Legends: Arceus
Combate aprimorado!

E não foi só a interface que ficou mais fluída, não! Agora o combate só inicia quando você arremessa uma Pokébola que contenha um Pokémon dentro contra um alvo. Dessa forma, assim que ela o atinge, o duelo começa no mesmo cenário, sem nenhuma transição para uma tela de batalha como nos jogos antigos, o que torna todo esse aspecto extremamente mais fluído e divertido.


Além disso, o combate sofreu outras alterações em Legends: Arceus. Foram adicionados novos estilos para cada golpe, agora cada ataque possui um modo padrão, ágil e forte. O chamado “Agile Style” é mais rápido e causa menos dano, enquanto o “Strong Style” é mais lento e causa mais dano. O indicador de velocidade dos golpes pode ser encontrado no canto superior direito durante a batalha, mostrando também a ordem de turnos de cada Pokémon. Caso você use um golpe na forma ágil, provavelmente atacará duas vezes seguidas, já na forma forte, o oponente provavelmente atacará duas vezes seguidas. E eu digo “provavelmente” porque isso também depende da velocidade padrão do seu bichinho.

Tela de batalha de Pokémon X & Y (2013)

Por falar nos ataques, as animações dos golpes foram muito aprimoradas. Por sinal, esse aspecto era outra grande reclamação dos fãs nos games passados, onde as animações ficavam cada vez mais preguiçosas. Por diversas vezes, quando você usava um ataque super forte, o Pokémon só pulava em seu próprio eixo e um projétil ia até o inimigo. Enquanto aqui, os Pokémon vão até o inimigo e atacam, Aliás, os novos efeitos especiais, pra mim, ficaram muito mais bacanas.

Eu simplesmente adorei o que fizeram com o combate nesse game, os novos estilos de cada golpe dão uma maior profundidade e a fluidez faz com que tudo fique melhor, é facilmente o meu favorito entre todos os jogos da franquia. Pena que não existem tantas batalhas contra treinadores, é até justificável pela temática do jogo, mas eu estaria mentindo se não falasse que senti falta de um pouco mais disso, até porque, para aqueles que exploraram bastante, as que tem não são lá tão desafiadoras. Por outro lado, os chamados "Nobles", chefões do jogo e substitutos dos líderes de ginásio, são bem legais. Gostei de todas as 5 batalhas que temos contra eles, que possuem 2 momentos diferentes: um você enfrenta o chefe somente com o seu personagem e outro em que seus Pokémon entram em ação.

 
Pokemon Legends: Arceus (2022)
Explorar nesse jogo é viciante demais!

Aqui chegamos no ponto em que Legends: Arceus mais brilha: exploração! Como disse anteriormente, a mudança de Treinador para Pesquisador fez toda a diferença, pois aqui, diferente de qualquer outro jogo de Pokémon, em que só pegava aqueles que queria pro meu time ou no máximo algum que eu achei interessante, eu capturava todos os que faltavam. Fiz o que fiz pela simples vontade de aprender mais sobre cada um deles enquanto explorava aquele mundo, queria conhecer seus hábitos e o lugar onde viviam. Vale ressaltar que o principal fator que carrega a exploração desse jogo, além do ótimo level design das áreas abertas, é a captura das diferentes espécies de Pokémon. Você se sente motivado a visitar diferentes áreas do mapa para encontrar novos bichinhos e, acredite em mim, isso é viciante.


Antes do jogo sair eu não estava botando fé que a GameFreak acertaria no loop de gameplay para o novo estilo de Pokémon, mas felizmente eu quebrei totalmente a cara. Mesmo Arceus sendo o primeiro nesse novo molde e, consequentemente, tendo diversos problemas a serem consertados em sequências, o núcleo do gameplay, o que te faz querer JOGAR o jogo, está incrível aqui. Pegar diversos Pokémon, entregar o relatório para o Professor e continuar explorando os diferentes mapas para, mais tarde, retornar à Jubilife Village, centro de operações da Galaxy Team, é um looping maravilhoso e um dos meus favoritos em jogos de mundo aberto.

Pokemon Legends: Arceus (2022)

O que não é tão maravilhosa assim é a própria Jubilife Village, que sim, funciona muito bem como um centro de operações, reabastecimento e descanso, mas como vila, poderia ser melhor. Eu entendo que essa é a primeira e até então única cidade que a GameFreak fez nessa perspectiva, porém os problemas ficam claros até demais. O jeito que eles construíram as cidades dos jogos anteriores, com NPCs estáticos e construções replicadas uma do lado da outra não funciona nessa nova perspectiva de câmera. Por consequência, a cidade parece muito artificial, algo que precisa ser aprimorado nos jogos seguintes. Contudo, conforme você mais joga, menos se importa para esse problema, sendo capaz até de criar carinho pela única cidade presente no game, justamente por ser o seu lugar de descanso entre expedições.


Outro problema, que dessa vez afeta todo o resto do jogo, e, infelizmente, foi o fator mais comentado no lançamento, são os gráficos. E digo “infelizmente”, pois Legends: Arceus possui diversos aspectos incríveis e de uma importância tão grande para a franquia Pokémon, que poderiam ser mais comentados. Nunca foi sobre gráficos, nem de longe é o que mais representa o game, porém, é sim um problema. Os visuais são dignos de PS2 e mancham diversos momentos ao longo da exploração que poderiam virar belíssimas screenshots.


 
Pokemon Legends: Arceus (2022)
Problemas com a campanha principal

Agora vamos falar sobre a campanha principal versus exploração, pra mim, o maior problema do jogo. Como citei anteriormente, a dificuldade das missões principais acaba sendo bem menor para quem explora bastante, algo que o próprio jogo te instiga a fazer, mas isso acaba sendo um tanto conflitante, pois outra grande reclamação quanto aos jogos anteriores era sobre a baixa dificuldade. Esse aspecto pode sim ser melhor, mas apenas para quem não é tão fisgado pela exploração que, ao meu ver, é o prato principal de Legends: Arceus.


No meu caso, ao invés de seguir para a missão principal, quando chegava em uma nova área, a primeira coisa que eu fazia era explorar aquele novo mapa, assim, o nível dos meus Pokémon era muito mais alto do que o exigido nas batalhas, tornando elas extremamente fáceis. E o que mais denuncia esse problema pra mim, é o fato de que os Pokémon que você enfrenta no caminho para a missão principal serem bem mais fortes que os que da missão em si, um claro e esquito erro no balanceamento do jogo. Apesar disso, arranjei um jeito de contornar esse problema e manter uma boa dificuldade: troquei de time constantemente, evitei ao máximo ter uma equipe fixa, e, no fim, acabei treinando bem mais Pokémon do que eu normalmente faço, assim foi durante a campanha inteira.

Quanto a campanha em si, a história, como tudo desse jogo, foge do padrão da franquia, e mesmo não sendo grande destaque, mantém o mesmo nível de qualidade. Acredito ela que poderia ter sido melhor aproveitada se tivesse dublagem e melhores animações para os personagens, que possuem animações bem toscas vindas direto do Nintendo 3DS. A campanha tem alguns momentos bem legais na reta final, mas no geral é uma das mais fracas da franquia.


 
Pokemon Legends: Arceus (2022)
Acabou, mas não acabou

O pós-game sempre foi algo que eu dei muito valor em jogos de Pokémon, capturar todos lendários e enfrentar os desafios extras sempre foi muito proveitoso pra mim. Felizmente, Legends: Arceus é, pra mim, um dos melhores nesse aspecto. Você possui uma boa quantidade de lendários para capturar e uma continuação da campanha com revelações bem importantes para a história, além de uma batalha espetacular e bem desafiadora que me fez quebrar a cabeça pra arranjar uma forma de vencer. Por sinal, essa batalha figura facilmente entre as minhas favoritas de toda a franquia, compensando as demais. Contudo, ainda não é o pós-game perfeito para esse novo estilo, queria muito que em um próximo jogo alguns lendários ficassem escondidos em determinadas localizações do mapa, dando a você a possibilidade de enfrentá-los durante o jogo inteiro e não só em uma quest, o que reforçaria tanto o pós-game quanto a exploração como um todo. Outra coisa que poderia melhorar é a dificuldade de capturar os lendários, pois as daqui foram as mais fáceis dentre todas que já fiz, quase todos foram pegos com somente uma Ultra Ball.

Importante dizer que não completei todo o conteúdo do jogo, pois isso inclui a conclusão da Pokedéx, algo que desta vez pode ser feito inteiramente dentro do jogo, sem depender de trocas com outros jogadores ou transferências de jogos passados, algo positivo, mas ainda assim, acabei perdendo a vontade no meio e desisti. Mas para quem for em busca dessa conquista, pode ter certeza que uma batalha final com um Pokémon bem especial o aguarda.


 


Mas afinal, Vale a Pena?

Pokémon Legends: Arceus é o sopro de ar fresco que a franquia precisava e que os fãs pediam há tanto tempo. Pode não ser perfeito e seus vários erros devem ser corrigidos nas sequências, porém já atinge algo muito a cima do que eu esperava, acertando em cheio no núcleo da jogabilidade desse novo estilo que consegue compensar a sua história principal e até transcender a franquia, sendo um dos meus jogos de mundo aberto favoritos.


Se você é um fã da franquia, existe uma grande chance de, assim como eu, se viciar em Legends: Arceus e aproveitar demais a experiência, mas se você acha que o mais importante em Pokémon são as batalhas e não as capturas, como eu acreditava antes de desse jogo, existe sim uma chance de você não gostar. Caso você nunca tenha jogado nenhum game da franquia, e se jogou, não gostou, pelo o que eu já li em relatos pela internet e com minha própria experiência, a chance de gostar é bem maior se comparando com qualquer outro da saga, já que é é um jogo totalmente diferente.


2022, um ano que promete entrar para os melhores da história da cultura pop, já começou muito bem com a tão aguardada evolução de Pokémon!


 

Prós:
  • Inovação no gameplay da franquia

  • Melhorias no combate

  • Animações dos Pokémon muito melhoradas em comparação aos games anteriores

  • Interface muito mais fluida

  • Exploração viciante e imersiva

  • Pokédex pode ser completada inteiramente dentro do jogo, sem precisar de trocas e transferências

  • Pós game


Contras:
  • Cenas de dialogo seriam muito melhores se tivessem dublagem e melhores animações para os personagens

  • Tutorial inicial poderia ter sido feito de uma forma menos cansativa

  • Visual bem mal trabalhado

  • Cidade e NPCs poderiam ser bem mais vivos

  • Poderiam ter mais batalhas contra treinadores

  • Dificuldade acaba sendo baixa em diversos pontos da campanha principal para quem explora bastante (o que o jogo te instiga a fazer)

Editado por Maya Souza

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