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Do Pixel ao Helenístico: Os videogames estão vivendo seu apogeu artístico? | Artigo

Foto do escritor: Felipe LinsFelipe Lins
Pintor finalizando pintura impressionantemente realista
Reprodução: Gottfried Helnwein
Da Tela de Pedra à Tela de LED: A Arte como Indústria

A arte humana, ao longo de sua história, passou por diversas eras e movimentos. Do período paleolítico aos dias atuais, ao olharmos para trás nas produções, nós certamente conseguimos aprender muito sobre as civilizações. Ao relacionar esse campo com outros ramos científicos, podemos enxergar com mais clareza nosso presente.


Arte primitiva representando touros e cavalos
Reprodução: Lascaux, Touros e Cavalos

Olhar para os videogames é olhar para uma arte que tem menos de 100 anos de idade. Uma comparação direta com a pintura, por exemplo, parece impossível, tendo em vista a quantidade de tempo que essa arte viveu e se transformou ao longo da História.


Como um fruto direto do capitalismo, enxergar os jogos eletrônicos além dos produtos da indústria criativa que são é uma tarefa que nem todos estão dispostos ou capazes de realizar.


A própria noção de arte ganhou traços utilitaristas e tem sido questionada por certos setores da sociedade. Não é nem um pouco raro encontrar interações pretensiosas com o objetivo de encapsular e redefinir o que é a arte, qual o seu papel e o que pode ser considerado arte ou não.


Tal debate, especialmente no campo dos jogos eletrônicos, adquire o status já jocoso de evento anual. Todo ano, as mesmas discussões basilares, circulares e que sempre resultam em quase nada de progresso, tanto no campo ideológico quanto no prático.


Tele de Rembrandt, La Ronda de Noche, com realismo sensível
Reprodução: La ronda de noche, por Rembrandt van Rijn, 1642
Realismo ou Realidade Virtual? A Busca pelo Santo Graal Gráfico

Enquanto internautas e entusiastas se debruçam sobre essas infindáveis discussões, do outro lado da indústria nós assistimos a uma corrida que se desdobra há algumas décadas e que, nos últimos anos, tem encontrado seus maiores nêmesis: a corrida pelo impacto da realidade.


Vamos retroceder um pouco, ou melhor, um bocado. Quando o ser humano começa a registrar em pintura seu cotidiano, englobando sonhos, impressões e meros relatos fáticos, ele passa a buscar não mais apenas pela representação simbólica ou super simplificada da realidade, mas também por detalhes.


É essa busca por detalhes que vai evoluindo não só a pintura, mas também a escultura e toda forma de arte visual. Partindo de pictografias e desenhos rústicos, ele passa a aprimorar cada vez mais as técnicas manuais, as ferramentas e os meios para que consiga imprimir cada vez mais detalhes. O objetivo final? O real.


Pintura realista de Frans Hals de 1964, mostrando um soldado com inúmeros detalhes na roupa
Reprodução: Frans Hals, 1624

Reproduzir o real é, por muitas vezes, retratado em obras de literatura e outras expressões verbais como uma forma do homem brincar de deus. É onde ele consegue reproduzir finamente os detalhes que a divindade criou. Já houve inclusive questionamento se a reprodução do real, como uma mera imitação, não seria considerada arte.


Vale dizer que é impossível traçar em que momento o homem conseguiu reproduzir o real de forma perfeita, até mesmo por conta do nosso material de pesquisa extensamente eurocêntrico. Mas é certo que a perseguição pelo realismo não somente esteve presente em toda a caminhada das artes visuais, como também deu nome a um dos movimentos catalogados na História da Arte.


Códigos da Realidade: Quando os Jogos Querem Ser Deus

Mas o que isso tem a ver com os videogames? Bem, eu acredito que você, leitor, tem uma incrível capacidade de correlacionar fatos, mas gostaria de apresentar alguns fatos antes de seguir no raciocínio.


A indústria dos videogames, em nosso presente ano de 2025, enfrenta desafios de ordem colossal. A fidelidade gráfica — usaremos esse termo para evitar a confusão com os movimentos de arte chamados Realismo e Fotorrealismo — e o escopo de tamanho e complexidade de ações e consequências, que chamaremos de complexidade algorítmica, ambas características que vemos nos jogos mais ambiciosos da atualidade (a citar, Red Dead Redemption), encontram cada vez mais o seu teto.


Código binário representando as linhas da realidade
Reprodução: Binario, Código y Mujer, Pixabay

O limite teórico da fidelidade gráfica e da complexidade algorítmica dos jogos é a realidade e sua matemática. Um estudo de fotografia vai te dizer que é a trajetória da luz e a decomposição de sua onda que determinam cores, formas e texturas, isso percebido pelo nosso cérebro. E nosso cérebro também tem inúmeras maneiras de raciocinar, associar e agir ou reagir.


Quem escreve essas linhas de código da realidade? Quem opera a execução desse código? Existe uma resposta para isso? Definitiva? Não.


Mas são pessoas reais que escrevem as linhas de código de um jogo, que definem o comportamento de objetos, que esculpem, montam, desenham, aplicam cores, reproduzem o movimento em inúmeras poses sequenciais para nos dar a ilusão da vida. E as pessoas vivem. Elas pagam boletos, têm custos diários e, por sua vez, também custam a uma empresa de desenvolvimento uma quantidade crescente de recursos. Recursos estes que impactam diretamente no orçamento de um projeto.


O Preço do UltraRrealismo: Quando a Arte Quebra o Bancos

jornalista Jason Schreier
Jason Schreier

Recentemente, textos de Jason Schreier no Bloomberg e Zachary Small no The New York Times trouxeram à tona uma amarga realidade: o custo insano dos jogos nos últimos tempos, com seus orçamentos estratosféricos. Os motivos? Escopo e fidelidade gráfica. E mau gerenciamento também.


Perseguir a realidade é uma corrida que, desde o berço dos videogames, o homem traçou exatamente como o fez durante toda a História da Arte. Detalhes, detalhes, detalhes, cada vez mais detalhes. Reproduzir a realidade custa muito caro, e é fácil entender por quê.


Fazer uma bolinha sem cor e sem textura é super rápido. Numa folha qualquer, você desenha em segundos. Fazer uma bolinha com textura de bola de tênis, reagir a um estímulo de choque, deformando e reformando, enquanto se move em trajetória perfeitamente ajustada à física do planeta Terra, por uma quadra de saibro, sobre uma rede de fibras, sob ação do vento em rajadas intermitentes, temos de concordar que exige uma quantidade cavalar de tempo para ser reproduzida em uma animação.


close de uma bola de tênis

A fidelidade gráfica exige uma quantidade absurda de tempo para ser posta em um jogo. E quando adicionamos o escopo do ambiente e da complexidade algorítmica de possibilidades que um jogador pode ter para interagir com ele e seus objetos, é fácil entender por que são necessárias tantas pessoas e tanto tempo para realizar esse feito.


Mais detalhes, mais complexidade, mais gente. É claro que isso "dá merda". Sim, imagine se comunicar com um time de 200 pessoas. Cada uma fazendo uma parte do todo.


Mas pera, um artista visual precisa saber que elementos ele precisa pôr no personagem. Um animador precisa saber quais movimentos ele precisa criar ciclos. O programador precisa saber que objetos precisam estar num cenário, quais serão interativos. Ao mesmo tempo, o engenheiro de som precisa saber quais efeitos sonoros vai precisar criar para o banco de áudio.


time de desenvolvimento de jogos em reunião
Reprodução: Xcubelabs

Todo esse trabalho é assíncrono. Um começa, o outro recebe uma parte e dá seguimento, enquanto o primeiro volta para criar mais. Em diversos momentos, esse fluxo vai empacar. O trabalho de alguém vai precisar ser refeito, ou precisa esperar pelo término de outro trabalho de outra pessoa para começar ou prosseguir o seu.


Em alguns momentos, um executivo tomará uma decisão que deu errado e vai precisar cortar ou refazer trabalho. Ou causará problemas que irão custar recursos que terão de ser remanejados e, inevitavelmente, faltarão. A solução? Mais dinheiro. E o tempo vai passando, meses correndo e salários sendo pagos.


Esse processo atinge todas as grandes empresas de jogos. Especialmente as que buscam por excelência em fidelidade gráfica e complexidade algorítmica. Com a inflação entrando nessa equação, o que aumenta os custos de vida dos trabalhadores e, consequentemente, o tamanho da folha de pagamento, entendemos muito bem por que os custos de produção de jogos estão em níveis alarmantes. Mais do que isso: insustentáveis.


O limite então não é mais teórico, mas pragmático. Passa a ser o teto da fidelidade gráfica. E a palavra realidade surge quase que sarcasticamente como o grande empecilho que impede a arte dos videogames de atingir a... realidade. Chega a ser dolorosa a ironia do destino.


Cenário ultrarrealista de Red Dead Redemption
Reprodução: Rockstar Games
Do Renascimento ao Render: A Arte Imita a Vida (e os Jogos)

De volta à História da Arte, e agora correlacionando a evolução da arte visual com os videogames, a impressão que temos é de que, desde o nascimento destes, a indústria vem fazendo o mesmo investimento em técnicas manuais, ferramentas e meios, graças aos avanços tecnológicos, em prol da reprodução da realidade.


Se por um lado essa evolução nos trouxe ao ponto em que estamos, de ultrarrealismo impressionante e de encher os olhos, ela também nos permite traçar um paralelo com o restante das artes visuais.


A História é nossa maior aliada. Podemos ver que, ao longo de décadas e de momentos cruciais da sociedade e sua forma de organização e produção, inúmeros movimentos artísticos propuseram uma tendência que criou estilos e compartilhava características frutos da mudança de paradigma.


dançarinos flautistas representados em vaso grego antigo
Dançarinos flautistas. Reprodução: Marie-Lan Nguyen

Se pegarmos apenas um recorte da Grécia, por exemplo, podemos ver como sua arte sai do período clássico até o período helenístico, caminhando até chegar aonde todo o seu esplendor pode ser visualizado em suas pinturas e esculturas realistas. Após o seu apogeu, sua cultura foi disseminada por toda a Eurásia, e sua influência provocou igualmente diversos movimentos posteriores de apreço ao real.


O Renascimento, o Maneirismo e o Alto Renascimento, o Barroco e o Rococó, o Neoclassicismo, o Realismo francês, o Naturalismo, o Realismo socialista e, mais recentemente, o Fotorrealismo, são todos exemplos de movimentos que prezam por essa particular preferência e/ou obsessão com a representação do real.


Fotorrealismo ou Filtros? A Ditadura das Redes Sociais

Escultura de um busto realista greco-romano
Talvez você já tenha visto algum "Tutor das Artes" nas redes socias, com "aulas" de arte

Mas por que citar especificamente o grego, você se perguntaria? Bem, você já reparou para pensar em como, nas redes sociais, a maioria dos ditos "perfis apreciadores de arte" se concentram em enaltecer as "belas artes", mas curiosamente dão uma atenção especial a esses movimentos que prezam pela representação hiperdetalhada da realidade? Isso não é mera coincidência ou preferência.


Em tempos bizarros e sob certas ideologias como, a citar, o fascismo, perseguiu-se um apreço demasiado pela fidelidade gráfica como um suprassumo da arte. E frequentemente se questionava a validade de outros estilos, tentando desqualificá-los ou, em alguns casos, destruí-los.


Em tempos atuais, onde vemos uma incessante busca pela fidelidade gráfica ultrarrealista e paralela ao Fotorrealismo como movimento artístico, é bizarro como existe um apreço descomunal de uma parcela considerável do público por esse tipo de arte. Levantemos, como seres pensantes, os motivos de tal fenômeno.


Podemos atribuir parte disso à própria indústria, sem um pingo de dúvida. A fidelidade gráfica sempre foi um ponto fortíssimo de marketing, basta retornarmos às campanhas publicitárias da SEGA e da Sony, mais recentemente.


Isso, com toda certeza, aliado a toda a cultura das guerras de console, ajudou a criar um público pedante, prepotente e cego que chega ao ponto de não consumir produtos/obras que ousem não perseguir a excelência da fidelidade gráfica.


O próprio público, ao misturar em debates virtuais de redes sociais e fóruns, hoje trata de jogos como produto majoritariamente, ao passo de esnobar ou criticar jogos que não "utilizem todo o potencial de seus hardwares". Chega a ser doentio a forma com que entusiastas e tecnicistas tratam do tema em postagens, matérias e até mesmo em papo casual.


Cubismo vs. Consoles: Os Rebeldes da Arte

pintura cubista de Pablo Picasso, Harlequin, de 1918
Harlequin, 1918. Reprodução: Pablo Picasso

Mas novamente, a História é nossa aliada. E em todos os momentos dela, podemos ver,

caminhando lado a lado com os movimentos realistas, os audaciosos "do contra".


O Impressionismo e o Pós-Impressionismo, bem como toda a leva de arte à parte do Modernismo — como o Surrealismo, o Dadaísmo, o Cubismo —, representam a maioria esmagadora dos movimentos artísticos que, após o século 20, vêm construindo ao longo dos anos variedades cada vez mais absurdas e experimentais de arte. Esses movimentos, em sua essência, desafiaram as convenções, questionaram a necessidade de representar o mundo tal como ele é e abriram espaço para a subjetividade, o absurdo e o simbólico.


São os mesmos movimentos que, em momentos sombrios da História, levaram ideologias autoritárias, como o fascismo, a se opor veementemente a essa linha artística. O regime nazista, por exemplo, buscou no passado clássico — na Grécia e em Roma — um apelo para combater o que chamou de "arte degenerada".


nazistas supervisionando a exposição de arte degenerada
Hermann Goering e Adolf Hitler na exposição de Arte Degenerada (Foto: Reprodução/ The Degenerate Art Exhibition – when Hitler Declared War on Modern Art)

Esse termo, cunhado pelos nazistas, nem sequer é novo. Já no século 18, figuras como Voltaire e François Blondel acusavam a arte de "degeneração", especialmente em críticas ao estilo Rococó, que consideravam frívolo e excessivamente ornamentado. A ironia é que, ao tentar suprimir essas formas de expressão, esses regimes apenas evidenciaram o poder transformador e subversivo da arte.


arte de disco elysium, representando seu protagonista
Disco Elysium. Reprodução: ZA/UM

Não é, portanto, surpreendente que, em meio a uma intensa investida reacionária — que muitos de nós estamos chamando de "Guerra Cultural" —, estejamos vendo entusiastas de jogos reproduzirem discursos que enaltecem a fidelidade gráfica e desprezam tudo aquilo que não se alinha ao insustentável fotorrealismo.


Essa obsessão pelo realismo, muitas vezes, reflete uma visão estreita do que pode ser considerado arte, ignorando a riqueza da diversidade estilística e a importância da experimentação. É como se, ao priorizar apenas a perfeição técnica, esses críticos modernos estivessem repetindo os mesmos erros do passado, tentando engessar a criatividade em nome de um padrão supostamente superior.


Mas os tempos estão mudando. Assim como os movimentos artísticos do século 20 desafiaram as normas estabelecidas, as novas gerações de jogadores e desenvolvedores estão começando a questionar a necessidade de perseguir o realismo a todo custo. A ascensão de jogos independentes, com estilos visuais únicos e narrativas ousadas, mostra que há espaço para a diversidade e a inovação. Jogos como Hollow Knight, com seu estilo mais artesanal, ou Disco Elysium, com sua abordagem narrativa densa e visualmente distinta, provam que a beleza e o impacto emocional não dependem de gráficos ultra-realistas.


Além disso, a popularidade de consoles como o Nintendo Switch, que prioriza a jogabilidade e a acessibilidade em detrimento do poder gráfico, reforça a ideia de que o público está cada vez mais interessado em experiências significativas, e não apenas em impressões visuais. Essa mudança de paradigma sugere que, assim como os movimentos "do contra" do passado desafiaram o status quo, os jogos estão prestes a entrar em uma nova era, onde a criatividade e a expressão artística serão mais valorizadas do que a mera imitação da realidade.


Geração Z: Quando o Pixel Vale Mais que o Polígono

retrato do jornalista Zachary Small
Zachary Small

O texto de Zachary Small, no The New York Times, já mostra que a própria indústria tem percebido coisas intrigantes: as gerações mais novas, como a Z e a Alpha, e a recém-nascida Beta que se inaugura agora em 2025, têm feito exatamente o contrário da massa de jogadores de 40-50 anos que cresceram com os videogames.


Elas têm valorizado cada vez menos a fidelidade gráfica, não se impressionando com o poderio enaltecido pelo público mais velho, e exibindo uma tendência ao uso de dispositivos com menor capacidade visual, como os celulares, pela praticidade e a pronta disponibilidade, além de um uso muito mais social do que individual dos próprios jogos.


O fenômeno de vendas que foi o Switch, com suas capacidades muito aquém dos poderosíssimos PS5 e Xbox Series X, já nos mostra que o público geral, ao contrário do que vociferam os gladiadores das redes, não se importa tanto assim com o fotorrealismo perseguido pelas gigantes da indústria.


Os escopos de mundo aberto e demais designs que impõem um peso maior no orçamento também seguem desafiando a evolução ultrarrealista. E, em determinado ponto, torna-se ridícula a quantidade de objetos que os desenvolvedores precisam trabalhar em prol de um realismo ambiental, sem mencionar físico e comportamental, abordados em estapafúrdias exigências de detalhes cada vez mais insanos por parte dos idealistas mais vocais nas redes.


Documentos que vazaram de empresas também revelam que há uma preocupação cada vez maior com o retorno financeiro dos investimentos em fidelidade gráfica. Até que ponto é interessante seguir avançando nesse aspecto? Onde é o momento de parar, pois o investimento não trará mais lucratividade? Questões que, ao meu ver, serão o maior calo no pé da indústria em 2025.


pintura em pixel art de um cavaleiro em armadura pesada em um campo cheio de vegetação
Heavy Armored Knight, Echerry. Reprodução: Artstation
Do Apogeu ao Pixel Art: O Fim do Realismo?

Por fim, não só vemos como as novas gerações contradizem diretamente o que os "fascistas dos jogos" alegam, como a sustentabilidade geral da indústria AAA e seus blockbusters ultrarrealistas reserva, a contragosto destes, um futuro em que o avanço desse estilo de arte será cada vez mais incomum. A busca incessante pelo fotorrealismo, embora impressionante, está atingindo um ponto de saturação tanto técnica quanto financeira. Os custos estratosféricos de produção, combinados com o tempo cada vez maior de desenvolvimento, estão criando um cenário insustentável para as grandes produtoras. Será necessário estagnar essa evolução em virtude do inevitável teto pragmático empresarial, onde o retorno sobre o investimento já não justifica a busca por mais detalhes e mais realismo.


Essa mudança, no entanto, não deve ser vista como um retrocesso, mas sim como uma oportunidade para a indústria explorar novos caminhos. Assim como na História da Arte, onde o apogeu de um movimento frequentemente dá lugar a uma nova onda de criatividade e experimentação, os videogames estão prestes a passar por uma transformação semelhante. O "período helenístico" dos jogos — marcado pelo ultrarrealismo e pela grandiosidade técnica — pode estar chegando ao seu ápice, abrindo espaço para uma era de "arte moderna e contemporânea" no mundo dos games.


cena em pixel art do jogo Celeste
Reprodução: Extremely OK Games

Nessa nova era, veremos uma valorização maior da diversidade estilística, da narrativa inovadora e da jogabilidade criativa. Jogos independentes, com seus visuais únicos e abordagens experimentais, já estão mostrando que há um apetite do público por experiências que fogem do convencional. Títulos como Celeste, com sua estética pixel art e narrativa emocionalmente profunda, ou Journey, com sua abordagem minimalista e poética, provam que a beleza e o impacto de um jogo não dependem de gráficos ultra-realistas.


Além disso, a ascensão de plataformas como o Nintendo Switch, que priorizam a acessibilidade e a portabilidade em detrimento do poder gráfico, reforça a ideia de que o público está cada vez mais interessado em jogos que ofereçam experiências significativas e memoráveis, e não apenas em impressões visuais deslumbrantes. Essa mudança de mentalidade é um sinal claro de que a indústria está evoluindo, e que os jogos estão se tornando um meio de expressão artística tão rico e diverso quanto qualquer outra forma de arte.


panorâmica de Journey, mostrando o deserto e o protagonista do jogo
Reprodução: Annapurna Interactive

Será este, então, o ano em que o "período helenístico" dos videogames atingirá seu apogeu e dará mais espaço à "arte moderna e contemporânea" nos jogos? Tudo indica que sim. E teremos o privilégio de testemunhar esse capítulo da História, onde a criatividade e a inovação finalmente ganham o protagonismo que merecem. Na minha humilde visão, o futuro dos videogames não está na imitação perfeita da realidade, mas na capacidade de nos surpreender, emocionar e inspirar — e isso é algo que vai muito além dos gráficos.

 


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