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O que Metal Gear e Silent Hill mais precisam: MORRER — Artigo

Atualizado: 1 de out. de 2023



Apesar do título, sou um grande fã das séries Metal Gear e Silent Hill desde que me conheço por gente, as franquias da Konami sempre acompanharam boa parte da minha adolescência, tendo bastante impacto nos meus gostos, essas duas em especial, tendo um maior destaque na minha formação. Porém, como esperado de um fã, acompanhei a trágica mudança da Konami apagando gradativamente todas suas franquias pra se tornar o ápice do merchandising vazio e sem alma. Entretanto, o que os últimos eventos me fizeram perceber, principalmente com o provável cancelamento de Abandoned, é que tanto Metal Gear quanto Silent Hill precisam ser mortos. E o único empecilho para que isso aconteça é uma necessidade estúpida, mas compreensível, de atender as demandas do grande público. Bem, nesse texto, eu planejo ao menos mostrar os meus pontos: como parar de cair na cultura do "hype", da Sony comprando a Konami, e do por quê colocar o Hideo Kojima pra refazer, o atualmente cancelado, P.T. é a escolha correta.



Mas antes de nos focarmos nisso, precisamos voltar um pouco no tempo. Todos sabemos que Metal Gear tem uma histórico complicado no quesito "se encerrar", com o jogo Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty sendo planejado como sendo o final definitivo da franquia. O que pouca gente sabe, é que nem sequer era pra ter um Metal Gear 2: Solid Snake, já que o jogo original era só uma da várias boas ideias que o Hideo Kojima teve com suas ambições voltadas para o gênero Adventure. A história de Solid Snake só teve um continuação devido a Konami que, enquanto empresa, tinha ideias diferentes de seus criadores, lançando assim uma versão "americanizada" de Metal Gear, que acabou levando o Kojima a fazer sua própria versão de Metal Gear 2, porém, agora com o subtítulo: Solid Snake, mudança essa que veio a ocorrer posteriormente também com Metal Gear Solid: Portable Ops e Metal Gear Solid: Peace Walker.


Metal Gear Solid existiu mais por conta de um "por quê não?", onde veríamos as ideias dos jogos de MSX sendo aplicadas com todas as ambições do Hideo Kojima. O que eu quero dizer com isso é: Metal Gear nunca foi um grande projeto feito para continuar infinitamente com todos os tipos de versões de sua história igual a série, também da Konami, Castlevania por exemplo. Nenhum jogo da série Metal Gear tem um final que um necessite uma continuação, são obras fechadas mas que conversam entre si dentro de uma narrativa maior e que não é exatamente planejada, tanto que o personagem do Big Boss deixou de ser um vilão caricato para se tornar um herói trágico que perdeu toda a sua vontade de viver, e por isso abraçou um niilismo enquanto tentava consolar seus parceiros que também não viam mais sentido na vida a não ser lutar por algo. E, como todos sabem, isso ocorreu de novo após Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots, mas, dessa vez, com o Hideo Kojima decidindo fazer alguns jogos que contassem mais a fundo a trajetória de Big Boss e toda a história gigante por trás de uma dor fantasma que ainda temos.


Aliás, não é necessariamente ruim o fato de Metal Gear ter se tornado uma enorme franquia e uma das principais influências para o gênero como um todo. O problema é que nunca houve uma necessidade de continuação, isso foi algo que o próprio público e o mercado criaram e que no fim acabou "limitando" a liberdade criativa dos projetos de Hideo Kojima e sua equipe. Por que não é um problema em sequências quando se existe uma vontade de trabalhar nelas e de se fazer algo especial. Mas calma, irei voltar nesse tópico depois.



Enquanto a série Metal Gear demonstra um lado do corporativismo, que faz algo continuar independente da vontade do criador, a série Silent Hill é um projeto que nasceu da necessidade de capitalizar em um público maior pelas tendências do momento, nascendo como um clone da série Resident Evil. Projeto esse que a própria Konami não se importava muito mas que, mesmo assim, todo o time teve que lutar para ao menos ter seu nome registrado no projeto. Apesar de ter uma história difícil, a equipe por trás de Silent Hill, a Team Silent, teve seu momento feliz com o primeiro jogo, que acabou sendo um fenômeno monstruoso assim como sua sequência Silent Hill 2. Diferente da série Metal Gear, Silent Hill se focava em cenários abertos, normalmente em uma cidade que expunha os traumas e todo um lado "sombrio" de alguém. Existia uma enorme vontade da Team Silent em trabalhar ainda mais, com os três primeiros jogos abordando conceitos bem distintos. Sendo o primeiro uma visita á cidade distorcida pelos traumas de Alessa; enquanto sua sequência, Silent Hill 2, é totalmente focado nos traumas do protagonista, James Suderland, e a sua necessidade de punição; já o terceiro jogo, Silent Hill 3, foi modificado pela Konami para que fosse mais atrativo ao público, além de se conectar a trama do primeiro jogo da série para que gerasse mais familiaridade aos veteranos da franquia, que - apesar de ainda falar sobre as dificuldades e os medos que uma jovem adolescente - na tentativa de atrair um maior púbico, acabou limitando bastante o potencial do jogo. "Mas, e Silent Hill 4 ?" bem, a Konami decidiu que um jogo novo devia carregar o nome de Silent Hill, e ele acabou sendo modificado para se encaixar na franquia, que, aliás, ainda é um ótimo jogo dentro de seus próprios méritos, apesar de algumas decisões questionáveis. Só que, depois do quarto jogo, a Konami decidiu entregar a franquia para estúdios americanos, para tentar sair do nicho de jogos de terror japoneses, igual a série Resident Evil conseguiu. O problema é que, apesar de ainda termos Shattered Memories e Downpour, o saldo foi bem negativo e afetado por decisões ruins de ambos os lados.


Silent Hill e Metal Gear são os dois lados que você pode seguir quando um projeto dá certo, mas acho que o mais importante em toda história de Silent Hill, é que mesmo podendo seguir em frente com mais jogos, nem sempre vai ser algo positivo ou que entendeu o "conceito original". O interessante é que, independente de ser antes ou depois de Silent Hill 4, tivemos jogos de membros da própria Team Silent, ou até mesmo fora dela, que seguiam o perfil da franquia com excelência, mas com sua própria identidade como o jogo Siren por exemplo, que, invés de monstros representando o pior lado das pessoas, temos zumbis e várias lendas do folclore japonês e que, assim como Fatal Frame, não teve o reconhecimento que merecia. Silent Hill poderia ter vários jogos, mas não existe uma necessidade de ser Silent Hill para existir jogos nesse estilo, levando em conta o quão aberto é esse conceito de terror psicológico bastante inspirado em Jacobb's Ladder. Só que esse enorme peso que ambas franquias possuem acabou levando a série para o pior lado da "indústria do hype", que ignora o que realmente é importante e se limitam e se sustentam somente pelo nome que elas carregam.



O que nos leva para os dias de hoje, com Abandoned. Inicialmente, um jogo indie que, por algum motivo, a Sony se interessou e decidiu dar um espaço de marketing, acabou colidindo com situações muito específicas de: mudanças na gestão da Konami, traduções inesperadas e até mesmo provas de que algo do tipo já havia sido feito antes. Iniciando toda uma conspiração de que Abandoned poderia ser a "volta de Metal Gear para as mãos de seu criador" ou, até mesmo, uma chance de ser um retorno ao abandonado Silent Hill de Hideo Kojima. O problema é que, na verdade, tudo não passava de um golpe, que acabou escalando demais até mesmo para os envolvidos da Blue Box, o "estúdio" que estava desenvolvendo o jogo. Tudo mostrado eram, na verdade, assets comprados e, provavelmente, aproveitando dos rumores de que poderia ser um novo jogo do Kojima. Tenho de admitir, apesar de não ter acreditado no envolvimento do Kojima diretamente, um sucessor espiritual de Silent Hills com a aprovação dele e ainda por cima nas mãos de um time de fãs poderia ser ótimo, considerando que Shattered Memories deu muito certo com uma base parecida. O problema foi quando esse hype se mostrou ser, na verdade, essa necessidade que as pessoas, e a indústria, tem de grandes nomes e marcas. Bloodborne não pode ser um jogo isolado, precisamos de Bloodborne 2, precisamos do remake de The Last of Us, precisamos consumir mais e mais sem nem mesmo pensar. E essa ideia me deixa com bastante preguiça, sinceramente.


O mercado é enorme, mas com boa parte dele sendo dedicado somente a apresentar o mesmo pensamento de "cultura de massa". Poucas ideias novas tem espaço por que jogos custam muito caro e pedem muito tempo, então arriscar perder dinheiro em algo incerto seria horrível. Eu entendo isso, o escopo cresceu demais para termos espaço para jogos iguais os da Simple 2000 de novo, mas a necessidade que temos de só consumir mais do mesmo é prejudicial ao ponto de que eu mesmo duvide de que Abandoned vai ser o último golpe que milhares iriam cair apenas pela "cultura do hype". As varias formas de arte que temos tem espaço o suficiente para os dois lados existirem, principalmente levando em conta a criatividade que cada uma permite. Então, pra que se fechar tanto na necessidade de vermos Metal Gear Solid com gráfico realista "4k Full 60 FPS"?



E é aqui que chegamos ao meu ponto. O melhor para franquias como Metal Gear e Silent Hill é tentarmos apenas manter o legado deles de forma acessível para que, assim, elas possam descansar em paz, como se fosse só um cemitério a que temos acesso. Não existe um motivo para mais um novo Metal Gear quando o gênero de stealth e jogos políticos ainda existem firmes e fortes, não precisamos de mais jogos de terror psicológico quando Silent Hill consegue até hoje afetar o seu rival, como os jogos recentes mostraram. Precisamos matar o passado e abraçar o novo, ver o que o passado deixou, reconhecer, e só assim seguir em frente. Apoiar os jogos dos membros da Team Silent que ainda estão na indústria, os indies, e as ideias boas, invés de só esperar o famoso dia em que a Sony vai comprar a Konami e magicamente termos novos Castlevania, Metal Gear e Silent Hill. Essa revisitada é importante e a indústria precisa trabalhar bem em deixar o seu legado, não precisamos de uma volta a Silent Hill.




Revisado por: Lázzaro Ferreira

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