Somente agora, seis anos após o seu lançamento, permiti-me a experiência do tão aclamado The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Inicialmente, a razão para minha demora residia na falta de acesso, mas mesmo depois de finalmente tê-lo disponível para jogar, acabei adiando essa jornada que, no fim, muito me agradou. A verdade é que a exaltada imensidão e liberdade que essa nova abordagem de Zelda trouxe para a franquia me deixava bastante apreensivo antes de começar a jogar, principalmente devido à incômoda sensação de estar perdendo conteúdo.
Essa apreensão não se deve ao fato de o jogo ser de mundo aberto, mas sim à falta de um direcionamento mais direto, sem aqueles inúmeros (e cansativos) pings e ícones nos mapas com os quais já estamos acostumados. Mesmo que eu não concorde que essa seja a melhor abordagem para um "mundo aberto", antes de iniciar o Breath of the Wild, sempre passam pela minha cabeça questões como: E se essa liberdade se tornar algo monótono? E se ela desequilibrar o jogo? Será que vou deixar itens essenciais passarem despercebidos?
Perdendo o Medo
Felizmente, essa sombra em forma de ansiedade desapareceu logo no início, quando iluminada pelo exemplar "tutorial", nada intrusivo, que entrega organicamente uma prévia da experiência através da Great Plateau, a primeira região que exploramos e que funciona quase como uma miniatura de todo o mundo de Breath of the Wild. É uma área muito bem construída para transmitir o essencial e fazer você entrar em contato com a diversidade em termos de bioma, clima, criaturas e atividades. Nos seus primeiros momentos, o jogo tem a coragem de fornecer toda a base necessária para explorar o grande mapa da maneira que quiser, tudo isso de maneira tão natural quanto possível.
Não demorou muito para a minha apreensão desaparecer e dar lugar à sensação de recompensa ao alcançar um lugar específico que eu quis explorar ou ao resolver os problemas que surgiam com ideias que eu mesmo tive após minhas próprias experimentações. É muito envolvente esse poder de expressão que temos ao usar as ferramentas a nosso favor; foi o que mais me empolgou durante o jogo.
EM DEFESA DE BREATH OF THE WILD
Eu não recebi grandes spoilers desde o seu lançamento até o momento em que finalmente o joguei. No entanto, já havia ouvido algumas críticas direcionadas ao jogo que parecem ser pertinentes entre a comunidade. O engraçado é que, ao jogar, acabei não enxergando muitos desses pontos criticados como um defeito propriamente dito.
O fato de as armas terem durabilidade, por exemplo, não me parece problemático quando o jogo fornece diferentes equipamentos de combate com frequência e passivamente incentiva a sua adaptação o tempo todo. Seria monótono encontrar uma arma forte e insubstituível logo de cara; parte da graça de encontrar novos itens se perderia.
Também acho injusto o tratamento dado aos koroks, pequenas criaturas escondidas em puzzles simples e de recompensa não muito valiosa, aqui. Apesar de serem numerosos, a sensação que tenho é que o excesso de 900 serve mais para preencher o mapa a fim de não faltar para os jogadores do que para incentivar o colecionismo efetivo. O mesmo se aplica às Shrines, miniaturas de dungeons que oferecem um puzzle em troca da orb usada para aumentar a vida ou estamina. Depois de um tempo solucionando, tornam-se repetitivas, visualmente semelhantes, simples e pouco inspiradas. Solucionei 65 das 120 e para mim, isso foi mais do que suficiente.
Se por um lado eu saio em defesa das Shrines, por outro, eu compro a briga de quem não gostou das Divine Beasts, os monumentos gigantes que parecem existir para servir como as novas dungeons da franquia, mas que mais se assemelham a pequenas Shrines acopladas em uma só, sem a alma e coesão de uma dungeon tradicional de Zelda. É aqui que deixo meu lado saudosista tomar conta e me impedir de "dar 5 estrelas para essa obra".
CONCLUSÃO
Breath of the Wild é, no fim das contas, uma clara resposta às críticas direcionadas a The Legend of Zelda: Skyward Sword, apontando para este último como um jogo seguro e preso dentro da fórmula dos Zeldas 3D. Sem dúvida, aqui vemos uma interpretação diferente da franquia, um novo rumo que, para existir, precisou abrir mão de muitos arquétipos, e isso é corajoso. O mais fascinante é que deu certo; este novo caminho se mostra promissor. Não vou mentir, me apeguei ao modelo que vem sendo desenvolvido desde Ocarina of Time, mas valorizo muito a existência de Breath of the Wild, principalmente levando em consideração sua importância e a influência (até agora) positiva na indústria.
Este texto foi editado e revisado por Gabriel Morais de Oliveira (@GabrielHyliano)
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