Dead Space Remake – Análise
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Dead Space Remake – Análise

Atualizado: 1 de out. de 2023

Com mudanças significativas, mas mantendo a essência de 2008, a nova versão de Dead Space surpreende com melhorias de narrativa, jogabilidade e gráficos refeitos.

(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Podemos dizer que, tal qual o Samurai tem substituído o Cyberpunk na estética predominante da atualidade nos jogos, o survivor horror teve seus grandes momentos, principalmente nos anos 2000, através de franquias clássicas como Resident Evil e Silent Hill.


Entretanto, para alguém apaixonado por ficção científica, ópera espacial, horror cósmico e afins, zumbis e uma cidade de ponta cabeça nunca foram o suficiente para saciar a sede de quem clamava por um jogo de terror e sobrevivência alocado no espaço. Foi então que, em 2008, Dead Space veio para materializar toda essa vontade maculada. Tínhamos, finalmente, um dos maiores (se não o maior) survivor horror já produzido na temática espacial, com mecânicas inovadoras e um abuso fenomenal do poder gráfico da geração que havia acabado de começar (PS3, Xbox 360).


Por carregar esse peso e tendo sido desafiado poucas vezes a perder o posto, Dead Space é um dos jogos que eu nunca imaginei que veria uma nova versão. Não havia a necessidade. A sensação de estar isolado no espaço, a organicidade na construção da nave USG Ishimura, a sensação terrível de claustrofobia que ela provoca e os elementos de sobrevivência em confronto com criaturas alienígenas, para mim, dificilmente poderiam ser superados em contraposto ao seu material original. Tudo era completo, apesar das limitações de hardware da época.


Dessa forma, fico feliz em reiterar – dessa vez em texto – que a análise de hoje está sendo escrita por alguém que acredita que Dead Space Remake faz jus ao material original, elevando a obra com a qual tive um contato extremamente sublime e íntimo no passado. Os motivos, você confere a seguir.


Sinopse
(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Em meados do século 26, todos os recursos da Terra foram extintos. Por esse motivo, a humanidade desenvolveu embarcações espaciais capazes de realizar a extração de recursos necessários para sobrevivência através de outros planetas e asteroides. Nesse contexto, Isaac Clarke, engenheiro espacial, é convocado para realizar uma manutenção na maior embarcação existente, a nave USG Ishimura, na qual sua amada trabalha como médica.


O que não se sabe nesse momento é que, em uma das rotinas de mineração, os integrantes da Ishimura estabelecem contato com um objeto estranho conhecido como Marcador: um artefato alienígena responsável por provocar efeitos colaterais maléficos nos seres humanos. O primeiro deles é ter a mente afetada com insônia e depressão, seguidos de um comportamento homicida ou suicida, geralmente causado por alucinações que fazem esse comportamento parecer racional para os afetados. O segundo efeito é transformar qualquer tecido sem vida em um necromorfo, capazes de parasitar os corpos sem vida, tomando o seu controle.


É nesse contexto que Isaac e os demais engenheiros entram em contato com a USG Ishimura. Dentre os percalços causados pela falta de assistência necessária para desembarque, a equipe perde a sua nave e agora deve encontrar uma forma de sair viva dos terrores a bordo da Ishimura.


Mudanças narrativas
(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Logo de cara é possível perceber que a equipe de desenvolvimento do remake esteve extremamente empenhada em amarrar as pontas soltas do enredo original para com Dead Space 2 e 3, através da reformulação das missões principais, novas missões secundárias e a incrementação de novos elementos narrativos.


Personagens secundários são mais bem tratados, o Marcador (agora tratado como um dos Marcadores), enfim se encaixa no contexto expansivo da “Convergência” no universo, e a quantidade de novos diálogos e itens narrativos que foram inseridos enriquecem ainda mais a experiência. A essência do jogo original está ali, porém, com muito mais conteúdo.


Melhorias
(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

A melhoria nos gráficos e na jogabilidade são os principais pontos que saltam aos olhos, já que o jogo foi todo refeito no motor gráfico Frostbite. A neblina volumétrica, iluminação e sombreamentos fazem com que o espaço em Dead Space, que já era aterrorizante, nos engula com muito mais profundidade.


O protagonista Isaac Clarke agora tem linhas de diálogo, e a sua movimentação, tanto em combate quanto no novo deslocamento em gravidade 0, é libertadora. Quando nos é dada a possibilidade de flutuar, não estamos mais limitados às paredes e pisos, mas sim pelo ambiente como um todo.

(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Para quem já adorava o sistema de atualização das armas e armaduras do original, assim como eu, irá se surpreender com os novos upgrades que trazem ainda mais personalidade para as armas, incluindo a adição de habilidades especiais a cada uma delas. Alguns disparos secundários foram reimaginados, à exemplo das armas Line Gun e Contact Beam.

(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Como dito no começo da análise, se a organicidade da USG Ishimura já era impressionante, o fato de não ter mais nenhuma tela de carregamento e a novidade dos contêineres e portas acessíveis somente com o escalonamento do nível de segurança de Isaac, agora trazem uma imersão ainda maior em termos de exploração. Refazer os caminhos conforme progredimos é uma experiência que se assemelha com a mecânica clássica do gênero metroidvania de desbloqueio progressivo de áreas secretas, e a maneira como os níveis de segurança são trespassados no decorrer da história é coerente com o desenvolvimento da narrativa. Aquela sensação de andar pra lá e pra cá sem motivo algum agora é praticamente zero.


Em termos de combate, os necromorfos ainda são derrotados através do desmembramento de seus corpos, mas com a adição de um sistema de peeling, onde devemos expor progressivamente as camadas de pele, músculos e ossos. Nessa ordem, é possível identificar graficamente o quão perto de ser cortado fora está o membro do necromorfo. As lutas contra os chefes foram totalmente refeitas, com destaque para o combate contra o Leviatã, totalmente imersivo na atmosfera espacial desesperadora e assombrosa.

(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Conseguintes, as mecânicas de stasis e telekinesis continuam praticamente nos mesmos moldes, com exceção da quantidade de bugs removidos, seja com mirar e não acertar a explosão de stasis como o travamento na movimentação e lançamento de objetos/membros através da telekinesis.


Por ser uma obra que trata sobre a fragilidade da natureza humana, sobrevivência e principalmente das relações hierárquicas degeneradas pelo extremismo religioso materializado na “Igreja da Unitologia”, é extremamente triste que muitas pessoas se sintam afastadas da obra diante do terror atmosférico provocado por Dead Space. Por esse motivo, um dos maiores diferenciais do título é a possibilidade de ativar um aviso nas configurações para cenas potencialmente perturbadoras, além de borrar conteúdos de extrema violência gráfica. Aproveitamos também para mencionar o trabalho extremamente bem feito de localização do jogo para o português brasileiro.

(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Por fim, podemos dizer que as “cerejas do bolo” da nova versão são o design de áudio e a trilha sonora incrivelmente repaginada por Trevor Gureckis. Não bastassem as imprevisibilidades nos ataques dos necromorfos, o jogo melhora um dos recursos muito utilizados em filmes de terror para causar medo. Seja por meio dos barulhos provocados pelos necromorfos ao se movimentarem pela nave, ou através da orquestra arrebatadora presente na trilha sonora, somos aterrorizados ainda mais no remake do que na versão original.


Síntese
(Reprodução: Dead Space Remake | EA)

Tendo em mente que a proposta do novo título é reprisar o seu antecessor com melhorias gráficas, de jogabilidade e adição de elementos narrativos, a nova versão é feita principalmente para quem nunca teve contato com a obra de 2008 ou para quem quer revisitar Dead Space de uma forma mais polida.


Diferentemente de outras repaginações que trazem mudanças drásticas na direção criativa e narrativa (muitas vezes bem vindas) como nos remakes de Final Fantasy VII e Resident Evil 4, o novo título tenta se manter o máximo possível perto da originalidade da obra, com exceção da adaptação do final (já que nunca foi pensado para ter uma sequência). Não espere uma obra disruptiva ou capaz de trazer novidades estratosféricas em comparação com a obra de 2008, entretanto, dado o trabalho extremamente bem feito e por ser uma obra consciente desses fatores, considero Dead Space Remake um ótimo título, regado de nostalgia e momentos aterrorizantes.


Agradecemos gentilmente a EA pelo envio da chave de Dead Space Remake (Xbox Series) para análise.

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