INTRODUÇÃO
Costumo dizer que foi em Tetris Effect que alcancei um estado de imersão diferente do que já experienciei não só nos videogames mas em qualquer outra mídia, e o principal fator para tal é, sem dúvidas, a musicalidade que a desenvolvedora Resonair investe em suas experiências. Assim sendo, não pude deixar de dedicar uma edição especial do Game Design Club para homenagear a obra e aproveitar a ocasião para falar sobre o quão mágico foi vivenciar a jornada que esse jogo proporciona. Boa leitura!
A PEÇA CERTA NO MOMENTO CERTO
O meu primeiro contato com Tetris Effect foi sob circunstâncias não muito confortáveis. Eu estava em uma fase estressante da minha vida que parecia sugar de mim uma quantidade severa de energia, a ponto de me arrancar o paladar por jogos e por consequência me impedir de sentir os prazeres que o hobbie usualmente me proporcionava. Me vi rodeado por questões pessoais envolvendo a mim e ao meu entorno que só se intensificaram com a chegada do isolamento social que todos presenciamos em 2020 e 2021.
Olhando pra trás, enxergo que há muito o que refletir quanto a maneira que eu mesmo lidava com esses problemas, sobretudo na hora de me desligar deles, respirar fundo e me permitir relaxar sem me culpar e me martirizar por coisas que fugiam do meu alcance.
Meu humilde controle do Xbox, por exemplo, estava pegando poeira pois nada do que eu tentava jogar tirava a minha atenção de todos aqueles pensamentos que tanto se embolavam na minha cabeça. Foi assim por meses, até que em uma dessas tentativas optei por jogar o casual e inofensivo Tetris Effect, mais especificamente a sua versão Connected, que chegou a ficar um tempo no catálogo do Game Pass.
Sem nem perceber, eu me encontrava em um ambiente quase perfeito para se estar sobre o “efeito Tetris”: Um quarto escuro, com fones de ouvido que isolavam consideravelmente os ruídos ao meu redor e um monitor não muito grande mas bem próximo de mim. Melhor do que isso, só se eu tivesse um óculos de realidade virtual mesmo.
Neste contexto, em pouquíssimos minutos de seu modo jornada, eu me vi inacreditavelmente atento e em puro estado de admiração, direcionada a todos os elementos que o jogo usa para entrarmos em transe: Os estímulos visuais, as cores, a vibração do controle, os efeitos sonoros e claro, a música, que é entregue progressivamente à medida em que realizamos combos.
Quando eu menos esperava, estava completamente hipnotizado, sem prestar atenção nos pensamentos desagradáveis que outrora pairavam na minha cabeça, quase que em um estado de meditação. Chorei, e fiz questão de me permitir viver cada segundo desta jornada que o modo me ofereceu. Sinto que Tetris Effect foi a peça certa, no momento certo.
SOBRE A NOVA EDIÇÃO DE GAME DESIGN CLUB
Qualquer um que tenha jogado a campanha de Tetris Effect vai confirmar que o processo é quase como um espetáculo musical rico e bem diverso. Em uma entrevista dada para o Devin Raposo do Splice Blog, o grupo musical Hydelic, a banda responsável pela trilha sonora, afirma que como inspiração para as composições, utilizavam das artes conceituais e explicação do próprio diretor sobre cada fase do jogo, para que, com base nisso construíssem as faixas que transmitisse a atmosfera passada. Isso explica a sinergia que o visual tem com o sonoro durante todo o jogo, bem como a ecleticidade, visto que cada fase tem temas bem diferentes uma das outras.
A sonoridade gira em torno de vários gêneros e subgêneros da música eletrônica, principalmente os voltados ao Ambient Pop, Electropop mas com direito a um pouco de House e até Trance em alguns momentos. Também há uma homenagem bem digna ao Jazz na fase Downtown Jazz por exemplo, que lembra muito o estilo Free Jazz que dá bastante ênfase na improvisação.
Nesta sexta edição do Game Design Club me foquei em trazer as faixas mais ambientes e relaxantes, que me transmitem de modo geral uma calmaria, o que mais se faz presente na obra. Com o intuito de compartilhar essa mesma sensação meditativa que tive logo em seus primeiros momentos, priorizei o que considero mais imersivo e optei por transições simples e suaves.
CONCLUSÃO
Tetris Effect se tornou um dos meus jogos favoritos quando me abraçou com suas músicas confortáveis em um momento em que eu não me permitia ser abraçado por nenhum outro jogo. Desejo, com essa edição do Game Design Club, dividir esse abraço destacando as músicas que considero essenciais para evocar essa sensação gostosa que me arrancou por algumas horas da realidade.
Você pode ouvir o mix no Youtube acessando a playlist oficial do projeto ou clicando no link abaixo, e caso queira visitar as músicas separadas no Spotify, basta procurar pela playlist Na brisa do Game Design Club que é atualizada a cada lançamento. Até a próxima!
Este texto foi editado e revisado por Gabriel Morais de Oliveira (@GabrielHyliano).
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