INTRODUÇÃO
Ainda que não seja um fator que defina efetivamente a qualidade de um jogo de corrida, sempre que procuro uma experiência desse tipo, acabo priorizando, antes de mais nada, uma boa trilha sonora. Claro que a dirigibilidade, pistas e veículos são importantes, mas para mim, de nada adianta se tudo isso estiver sendo aproveitado sem uma soundtrack BANGER me acompanhando. Por isso, costumo celebrar clássicos como Wipeout, Ridge Racer, Outrun, Need For Speed e Burnout, por exemplo.
Sendo assim, a série Forza Horizon não fica para trás e nem leva poeira no meu ranking de favoritos; ela acerta em cheio numa atmosfera mais descontraída, celebrando o festival Horizon, que é, acima de tudo, carregado de muita velocidade, esportividade e excelentes músicas.
Dentre as ótimas rádios de Forza Horizon, a que mais me agrada é, sem dúvidas, a Radio Hospital. Como uma verdadeira "testemunha de drum and bass" que sou, não posso deixar passar a oportunidade de espalhar a palavra do gênero e da gravadora por trás das incríveis faixas que protagonizam a mais nova edição de Game Design Club. Boa leitura!
MAS O QUE É ESSE TAL DE DRUM AND BASS?
É quase impossível falar de drum and bass sem antes mencionar seu ancestral precursor, o jungle. Este gênero da música eletrônica desenvolveu-se através das raves do Reino Unido nos anos 90, e cresceu com uma musicalidade que adotava as baterias do breakbeat em loop, combinando com os profundos "basslines" - linhas carregadas de grave ao fundo da música - e vários samples melódicos e vocais, principalmente do reggae, dancehall, entre outros. Tudo isso em uma velocidade rápida que chegava a alcançar 155 a 180 batidas por minuto.
Uma característica importante para entender o surgimento do drum and bass é que o jungle, devido ao uso frequente de samples de reggae e graves voltados ao dub, possui uma íntima relação com a abordagem ragga.
Segue um clássico exemplo que ilustra bem o que estou falando: "Conquering Lion - Code Red" (1994).
O surgimento do drum and bass não difere muito do jungle, pois compartilha os mesmos princípios do gênero. A diferença reside no fato de que o termo passou a ser utilizado para descrever faixas que se distanciam mais da influência ragga. Já em 1994, existiam faixas cujo foco estava nas velozes variações do "amen break" - solos de bateria, como apresentado na canção "Amen, Brother" da banda de funk e soul The Winstons - e nos graves de um sub bass 808, originando assim o nome "drum and bass".
Um exemplo que trabalha esses aspectos intrinsecamente é "The Invisible Man - The Bell Tune" (1994).
As diferenças entre o jungle e o drum and bass já foram palco de muitas discussões. Atualmente, alguns associam o jungle a esses materiais mais clássicos (como os exemplos que mostrei) e, por consequência, consideram o drum and bass como um sucessor. Outros associam o jungle às músicas voltadas ao ragga. No entanto, a visão mais difundida é que o jungle não deixa de ser drum and bass, e vice-versa. Além disso, com o tempo, surgem muitas novidades, incluindo os vários subgêneros que costumam ser divididos entre os mais convencionais, leves e pesados.
Alguns dos subgêneros mais convencionais do drum and bass incluem:
Jump-up: Bastante energético, com graves que soam robóticos ou até alienígenas.
Drumstep: Combina alguns elementos de dubstep, especialmente a estrutura de batidas.
Drill 'n' Bass: Experimental, com batidas bastante irregulares.
Os subgêneros mais leves englobam:
Intelligent Drum and Bass: Segue uma pegada bastante ambiental.
Drum and Jazz: Como o nome sugere, com forte influência do jazz.
Liquid Drum and Bass: Dá ênfase nas melodias e harmonias.
Sambass: Estilo brasileiro que incorpora influências como samba, bossa nova, entre outros.
Por fim, os subgêneros mais pesados compreendem:
Darkstep: Foca em criar uma atmosfera sombria em meio à rápida bateria.
Techstep: Incorpora elementos mais techno e industriais no drum and bass.
Neurofunk: Semelhante ao Techstep, mas com elementos de jazz e funk.
Metal and Bass: Traz elementos do Heavy Metal para o universo do drum and bass.
A HOSPITAL RECORDS
A Hospital Records, como o próprio nome sugere, é uma gravadora independente com foco predominantemente no drum and bass. Atualmente, é a maior gravadora desse gênero e sua popularidade não é por acaso, pois faz parte da cena desde 1996, quando foi fundada em Londres, berço do gênero e naturalmente lar de grandes artistas desse meio.
São tantos produtores musicais, DJs e até MCs relevantes e talentosos atrelados a essa gravadora que chega a ser impossível destacar todos eles. Nomes como Fred V & Grafix, Nu:Tone, Netsky e o brasileiro Urbandawn são apenas alguns exemplos. Pessoalmente, a DJ que tenho ouvido mais ultimamente é a Lens, que também faz parte desse elenco e é a proprietária da minha Hospital Mixtape favorita.
Parte da notoriedade da gravadora também se deve à sua cativante e hoje já esperada presença na franquia Forza Horizon. Desde o segundo jogo, a Radio Hospital marca presença, sendo apresentada pelos DJs Goss e Colman. No quinto jogo, houve a substituição de Colman pelo músico Degs. As músicas selecionadas e produzidas para a rádio são variadas e convidativas, mesmo para aqueles não familiarizados com o gênero. Graças a essa hospitalidade musical, a Radio Hospital se destaca como uma ótima porta de entrada para o universo do drum and bass.
SOBRE A 7ª EDIÇÃO DO GAME DESIGN CLUB
Sempre que jogo Forza Horizon, ouço a programação de todas as rádios pelo menos uma vez, e no fim do dia, a que sempre me acompanha assiduamente durante todo o festival acaba sendo a Radio Hospital, e para mim, é muito difícil destacar as faixas prediletas. Tanto que foi complicado escolher quais que dariam as caras nesta edição.
A princípio, eu não planejava que o mix tivesse quase uma hora, no entanto, durante o processo, eu bati o martelo de que não só iria alongar um pouco mais do que habitual como também escolheria exatas 5 faixas do terceiro, quarto e quinto jogo, alternando entre elas a fim de passar a sensação de estar curtindo as três obras ao mesmo tempo.
Para os que já experimentaram mas não jogaram todos, esta pode ser uma experiência de revisita e descoberta na mesma intensidade.
CONCLUSÃO
O meu eu apaixonado por drum and bass está muito feliz em poder utilizar do Game Design Club para incentivar os ouvintes a pisar fundo no acelerador e usufruir essa musicalidade que casa tão bem com a velocidade. Essa edição é perfeita para aqueles que querem degustar uma seleção de músicas que resumem bem a fascinante presença da Hospital Records em Forza Horizon.
Você pode ouvir o mix no Youtube acessando a playlist oficial do projeto, e caso queira visitar as músicas separadas no Spotify, basta procurar pela playlist do Spotify: Na brisa do Game Design Club, que é atualizada a cada lançamento.
Com vocês, "Game Design Club #07 - A Forza do Drum And Bass"
Texto editado e revisado por Gabriel Morais de Oliveira (@GabrielHyliano).
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