Phoenix Potion na gamescom latam 2025: conheça Marcus Alves, desenvolvedor de Roblox — Entrevista
- Redação
- há 5 dias
- 7 min de leitura

Roblox é uma potência no mundo dos jogos, com uma base de jogadores enorme e, acima disso, uma plataforma que atrai investimentos e marcas para um ecossistema funcional. Isso acaba atraindo muitos desenvolvedores que, a partir disso, se especializam em criar seus jogos dentro da plataforma, ao invés de trabalharem com uma engine, o que viabiliza processos diferentes.
Na gamescom latam de 2025, tivemos a oportunidade de conversar com Marcus Alves, desenvolvedor da Atlas Creative que hoje trabalha com Roblox. Marcus participou do painel Da Paixão à Profissão: A Jornada dos Desenvolvedores de Roblox da América Latina.

Max: Então, Marcus, pra gente é muito interessante conversar com vocês porque admiramos muito a trajetória de desenvolvedores que trabalham dentro do Roblox. Trabalhar em uma engine é uma experiência e trabalhar dentro de uma plataforma como o Roblox, é outra totalmente diferente. Conta pra gente um pouco da sua história como gamedev, sobre como foi do começo até agora, como você começou a trabalhar na plataforma, se você já testou trabalhar fora do Roblox, esse tipo de coisa, sabe?
Marcus: Hoje eu estou com 29 anos e minha trajetória dentro do Roblox e como gamedev começou lá em 2017 ou 2016. Tenho alguns irmãos menores e eu jogava Roblox com um deles, até que um dia eu vi um “crie seus jogos no Roblox”. Como uma pessoa que sempre jogou muito, eu sempre tive essa curiosidade de criar jogos, mas nunca tive essa oportunidade. Quando eu vi a possibilidade, comecei a mexer como hobby no tempo livre que eu tinha. Foi na mesma época que eu estava começando o curso de medicina. No horário livre que eu tinha, que não era muito, fui trabalhando como gamedev por brincadeira mesmo.
Foi passando um tempo, eu continuei mexendo com consistência, tentando coisas novas, perdendo alguns cabelos (risos), até que passei pelo programa de aceleração da própria Roblox. Na época, escolhiam equipes de até cinco pessoas e assinavam cinquenta por temporada, o nosso time foi selecionado no final de 2021. Em 2022, passamos pelo programa e, desde então, a coisa foi deslanchando.
Eu fazia muito freelance de forma informal em comunidades que eu achava no Discord. Comecei a fazer parcerias com youtubers, fazendo jogos para eles, e depois eu também fui contratado por uma empresa chamada Supersocial, também focada em jogos para Roblox. A empresa tinha parceria com marcas como a Gucci, o Walmart, a Toy Kiddo do Reino Unido. Atualmente eu estou com a Atlas Creative, outra empresa do ramo de games. Eles têm um foco maior em Fortnite, mas estão vindo agora para Roblox, também trabalhando em jogos com uma marca grande.

Victor: Em que momento você se viu fazendo a transição para a criação de jogos em tempo integral? Tem algum projeto de destaque, que você pensou “daqui pra frente, é isso que eu vou fazer”?
Marcus: Acho difícil definir isso por ter sido um processo muito suave. De certa forma, eu estava muito feliz de estar na faculdade fazendo medicina numa universidade renomada, a UFMG, uma das melhores do país, num curso difícil de entrar. Eu gosto de medicina. Mas, também, eu sempre amei jogos, então às vezes eu ficava um pouco frustrado por não conseguir dedicar o tempo que eu gostaria para a criação, e um pouco triste por, às vezes, não dar a dedicação que a faculdade demandava, então eu ficava muito dividido em relação a isso, mas fui levando e as coisas deram certo.
Mais ou menos na metade do curso, que foi quando eu comecei a fazer os freelas e monetizar em cima disso, que a coisa foi dando certo. Com o tempo fui criando contatos, tendo outras oportunidades e, mesmo durante a faculdade, eu já estava conseguindo me manter tendo alguma sobra, então era um caminho que me proporcionava mais qualidade de vida e eu gostava, então eu acho que foi um processo muito natural.
Eu não digo nem que foi uma transição, pois as duas coisas aconteceram ao mesmo tempo, tanto a graduação quanto o aprendizado de desenvolvimento de jogos. Naturalmente as coisas caminharam para focar 100% nos jogos porque eu estava inserido na área, bem-posicionado até hoje, graças a Deus.
A medicina expandiu muito meus horizontes, querendo ou não é um ambiente que você tem muito contato com pessoas novas, ideias diferentes, mas acabou que os jogos tomaram a proporção que eu nem imaginava no começo, mas que bom que tomou, eu estou feliz com essa escolha.
Max: A plataforma tem quase vinte anos e por muito tempo foi se desenvolvendo para se tornar o ecossistema que ela é hoje, e tem muita gente trabalhando com Roblox, inclusive muita gente amadora. Como vocês, dentro do estúdio, fazem para se destacar dentro da quantidade absurda de pessoas que estão trabalhando dentro da plataforma?
Marcus: Eu acho que, estando no estúdio ou de forma independente, aquilo que eu julgo mais importante é experimentar as coisas de forma rápida. Roblox é uma plataforma que as coisas mudam muito rápido, assim como o mundo inteiro está mudando muito rápido, mas no Roblox especificamente você tem que fazer as coisas muito rápido.
Então, se você vir uma oportunidade, algum tipo de jogo ou gênero que está indo super bem, tentar fazer algo naquele sentido, copiando mesmo às vezes para aprender e depois colocando suas próprias ideias. A ideia é agilidade, consistência e fazer alguma coisa mais guiada para aquilo que está dando certo na plataforma. Isso é o essencial para se destacar.
Querendo ou não, o que eu vejo acontecendo não só comigo, mas com outras pessoas também é que a maioria daquilo que você vai tentar vai dar errado. Isso é normal, então a gente não pode ter medo de errar, tem que continuar tentando fazer as coisas até que uma coisa realmente dar certo, focando nessas coisas com resistência e agilidade, uma hora o negócio sai.

Max: Roblox é único. Hoje dá pra dizer que ele é uma ferramenta única no mercado. Eu sei que eles têm uma relação tanto com quem trabalha dentro da Roblox quanto com quem é desenvolvedor de um estúdio baseado em Roblox. Como é a relação de vocês com a empresa? Ela existe? Como funciona o contato de vocês com a Roblox marca, não engine?
Marcus: Eu acho que é uma relação muito boa, a gente tem muitas oportunidades. Aquilo que eu tive muito de oportunidade foi com a equipe de relação com desenvolvedores que a própria Roblox tem, não só no Brasil como em várias outras partes do mundo, então acho que isso ajuda demais.
E, como você falou, Roblox é muito mais que uma plataforma. Eu vejo Roblox como uma unidade porque as pessoas conversam muito, são muito próximas, então é uma coisa diferente de um estúdio que está desenvolvendo um jogo independente na Unity para veicular na Steam. No Roblox não, todos estão muito juntos, todos se ajudam na maioria das vezes, tem muito contato, as pessoas compartilham muitas informações, tem muitas oportunidades e a empresa tem muito peso nisso, com certeza.
Por exemplo, uma coisa que foi importante pra mim foi o programa de aceleração da própria Roblox. Ali você cria um vínculo maior com o pessoal que está mais interno. Você tem insights, aprendizados que são muito úteis durante toda a trajetória, fórum de desenvolvedores, muito contato com o pessoal do staff. Eu acho que vai nesse caminho. É um contato amplo, aberto, as vezes demorado porque tem muita gente, mas sempre existe e são abertos a escutar, e é muito bom. Eu gosto.

Max: Agora, só pra finalizar mesmo, que eu me atentei muito a isso e fiquei pensando a entrevista inteira. Você falou que fez medicina, né? Chegou a terminar?
Marcus: Isso, terminei.
Max: Você fez algum jogo de médico dentro do Roblox? Jogo de fazer operação, pegar o bisturi, cortar a galera? Já jogou o Two Point Doctor, alguma coisa assim, e pensou “pô, vou colocar isso aqui num jogo meu”?
Marcus: Não, nunca cheguei a fazer nada nesse sentido. Já expandi aquilo que é o meu conhecimento de desenvolvimento, programação para a área da medicina com um programa relacionado à tireóide, que é o que eu queria fazer para contribuir para a sociedade e tudo o mais. Acabou que não foi muito pra frente, eu desenvolvi até certo ponto, mas depois ficou um pouco inviável para mim. Nunca cheguei a fazer jogos relacionados a isso no Roblox. Aquilo que eu gosto é mais RPG, então eu vou nessa margem.
Victor: Isso me despertou uma outra curiosidade. São duas perguntas: primeiro, eu quero saber se você tem algum projeto, algum jogo que você trabalhou que queira destacar, e se há algum que você ainda pensa em fazer, projeto seu ou que você esteja envolvido?
Marcus: Tem vários jogos meus que eu lancei durante todo esse tempo. São mais de oito anos na área e no Roblox. Teve um que nós lançamos com meu estúdio, o Phoenix Potion, mais recentemente, em dezembro de 2024, um que se chama Fantasy Overworld, que é baseado em escolher profissões como pescaria, mineração e tudo o mais, e você vai jogando essas profissões, ganhando níveis e melhorando.
Na minha empresa temos três jogos em produção atualmente. Um vai lançar hoje, inclusive, chama Grow-a-Galaxy, baseado em um jogo que está bombando hoje na Roblox, o Grow-a-Garden. E tem outros dois que ainda estão em desenvolvimento, mas os próximos meses vamos lançar aí. Um é de coleta de recursos, exploração, e o outro é de batalhas de cavaleiros, então tem muita coisa bacana.
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